Correr, uma paixão.
Sou Professor de Educação Física desde 2006, completando então, 10 anos de profissão. Percorri diversos caminhos durante este tempo passando por vários estágios e iniciando minha vida profissional em algumas escolas da capital. Em 2008, fui aprovado em concurso público na Prefeitura de Goiânia, passando a integrar o quadro de Professores da Secretaria Municipal de Goiânia. Naturalmente, meu foco de atuação foi a educação física escolar, com experiências que oscilaram em termos de satisfação pessoal. Houve momentos ruins, bons e excelentes. Tudo acaba servindo como aprendizado e entendimento que a vida profissional para ser um oceano azul e tranquilo, leva tempo e paciência, para superar as adversidades que aparecem. Naturalmente, houve momentos em que quis desistir da minha profissão. Todos sabemos as dificuldades que nos apresentam enquanto professores da Rede Pública. Em 2010, sentindo dores na região inguinal, fui submetido a uma cirurgia de hérnia. Fiquei afastado durante dois meses do exercício profissional. Morava em um prédio que dispunha de uma esteira e alguns poucos equipamentos na sala de Ginástica. Naquele momento, passava um período de ostracismo, considerando que tive vida regular de atleta até o fim da faculdade. Depois, com emprego, casamento e filho, me descuidei. Cheguei a pesar 100kg. A academia do prédio estava ali. Quando enfim meu médico me liberou, resolvi subir na esteira do prédio. Como eu sempre achava desde então uma atividade maçante, de ficar inerte, sem direção, apenas se movendo sem sair do lugar, nunca havia me interessado. Mas lutei contra essa opinião, sai da inércia e quando vi, já estava mais leve, correndo um pouco e começando a correr na rua. Aquilo estava começando a me empolgar. Me sentia assustadoramente leve e feliz após a atividade física. Sem peso de consciência, me alimentando bem, sem restrições.
Novamente, pela exigência do trabalho, comecei a encarar rotinas que iam até tarde da noite. Deixei a atividade física de lado, pois no meu tempo livre, a prioridade era o convívio com meu filho e minha mulher, que logo estaria grávida novamente de nossa menina.
Voltei a estaca zero, 100kg, me afastei da Educação Física em 2012, para exercer outras atividades. Nesse ano, as idas à emergência do hospital estavam começando a ficar frequentes. Não havia nada de errado. Mas o sedentarismo, a má alimentação e a pressão arterial começavam a cobrar o preço. Tinha apenas 27 anos de idade na época. Tenho um trauma enorme de hospitais. Eis que num de menus chiliques, querendo ir embora do hospital um enfermeiro me disse: "Se cuida para não ficar doente, que você não tem que passar por isso". Frase simples, que surgiu um efeito que persiste e durará para sempre. Sai do hospital e fui logo calçar um tênis e enfrentar a inércia. É incrível como nosso corpo luta para que você não faça nada. Apenas fique quieto, curtindo pipoca e televisão. Ainda hoje, me pego com aquela preguicinha básica. Mas quando começo a correr.... Tudo passa!
Desde então, participei da minha primeira prova de 5km incentivado pela minha mãe, que na altura dos seu 56 anos, me causava um preocupação infundada, pois ela corria provas de 5km, 10km numa velocidade que eu ficava espantado. Meu pai então, que sempre caminhou e corre ainda hoje, é um dos grandes exemplos que tenho. O cara nunca reclamou de nada na vida. Sequer passou na porta de um hospital. Genética ajuda. Meu avô, com 90 anos, nunca viu bisturi. A mamãe então... Tudo para ela é coisa a toa. Tudo passa. Muita coisa mudou na minha vida. Filha nasceu, fui aprovado em outro concurso público, corri a São Silvestre!
Exemplos e motivação não me faltam e não deveria faltar para você caro leitor. De 100kg fui para a casa dos 70kg, oscilando entre 77kg - 80kg. Em épocas de treino intenso, chego a 74kg. Pressão Arterial de menino levado, na casa dos 11 x 6. Nada de dietas. Tudo construído na base de inúmeras provas que participo na capital desde 2012, algumas fora daqui. Vivo bem melhor, acho sempre meu tempinho para correr, curto meus filhos com tranquilidade e com qualidade no tempo. Sempre corro em horários que não irão me privar muito do convívio familiar. Inúmeras vezes que a madrugada fria de 4h me viu circulando pelo asfalto dessa cidade, com um medo danado, mas a alegria de uma teimosia em cumprir o treinamento do dia.
Vejo a vida com muito mais alegria. No fim da São Silvestre de 2015 a segunda que participei, estava tão feliz, extasiado com aquilo tudo, que escrevi as seguintes palavras, com a qual fecho,esse depoimento que espero que o motive a correr:
Novamente, pela exigência do trabalho, comecei a encarar rotinas que iam até tarde da noite. Deixei a atividade física de lado, pois no meu tempo livre, a prioridade era o convívio com meu filho e minha mulher, que logo estaria grávida novamente de nossa menina.
Voltei a estaca zero, 100kg, me afastei da Educação Física em 2012, para exercer outras atividades. Nesse ano, as idas à emergência do hospital estavam começando a ficar frequentes. Não havia nada de errado. Mas o sedentarismo, a má alimentação e a pressão arterial começavam a cobrar o preço. Tinha apenas 27 anos de idade na época. Tenho um trauma enorme de hospitais. Eis que num de menus chiliques, querendo ir embora do hospital um enfermeiro me disse: "Se cuida para não ficar doente, que você não tem que passar por isso". Frase simples, que surgiu um efeito que persiste e durará para sempre. Sai do hospital e fui logo calçar um tênis e enfrentar a inércia. É incrível como nosso corpo luta para que você não faça nada. Apenas fique quieto, curtindo pipoca e televisão. Ainda hoje, me pego com aquela preguicinha básica. Mas quando começo a correr.... Tudo passa!
Desde então, participei da minha primeira prova de 5km incentivado pela minha mãe, que na altura dos seu 56 anos, me causava um preocupação infundada, pois ela corria provas de 5km, 10km numa velocidade que eu ficava espantado. Meu pai então, que sempre caminhou e corre ainda hoje, é um dos grandes exemplos que tenho. O cara nunca reclamou de nada na vida. Sequer passou na porta de um hospital. Genética ajuda. Meu avô, com 90 anos, nunca viu bisturi. A mamãe então... Tudo para ela é coisa a toa. Tudo passa. Muita coisa mudou na minha vida. Filha nasceu, fui aprovado em outro concurso público, corri a São Silvestre!
Exemplos e motivação não me faltam e não deveria faltar para você caro leitor. De 100kg fui para a casa dos 70kg, oscilando entre 77kg - 80kg. Em épocas de treino intenso, chego a 74kg. Pressão Arterial de menino levado, na casa dos 11 x 6. Nada de dietas. Tudo construído na base de inúmeras provas que participo na capital desde 2012, algumas fora daqui. Vivo bem melhor, acho sempre meu tempinho para correr, curto meus filhos com tranquilidade e com qualidade no tempo. Sempre corro em horários que não irão me privar muito do convívio familiar. Inúmeras vezes que a madrugada fria de 4h me viu circulando pelo asfalto dessa cidade, com um medo danado, mas a alegria de uma teimosia em cumprir o treinamento do dia.
Vejo a vida com muito mais alegria. No fim da São Silvestre de 2015 a segunda que participei, estava tão feliz, extasiado com aquilo tudo, que escrevi as seguintes palavras, com a qual fecho,esse depoimento que espero que o motive a correr:
"Há quem interprete a vida sob
diversos olhares. Eu interpreto na magia da corrida as razões para continuar
vivendo. Há algo mágico na corrida que brota uma transfusão de sentimentos. O
início é esplendoroso. Terreno fértil da empolgação de encarar com ímpeto e
velocidade a encarada de um novo desafio. Mas a vida ensina que começar com
cautela, tranquilidade, navegando a passos calmos, permitem que você consolide
o caminho a ser seguido sem a perda da empolgação inicial. No decorrer as
armadilhas da empolgação desmedida cobram o preço. As pernas começam a cansar e
o foco começa a sumir... Mas a vida me ensinou que navegar tranquilo com a
mesma impetuosidade de um começar tranquilo garantem serenidade para continuar
até o fim com o sorriso de uma criança estampada. A cada curva há quem enfrente
com resiliência a dor de ter de curvar o tempo todo. Enfrento com serenidade
com as pernas que me garantiram que cada curva é a chance de um novo recomeço.
Na reta final, nas inúmeras subidas que se apresentam, há muitos parados no caminho. Não
aguentaram a dor. Mas continuam com o corpo destroçado. Aprendi a subir com
resistência, enfrentando com calma e paciência e sabendo que a subida dói, mas sempre
acaba. A descida é o terreno fértil dos inconsequentes. Descem com uma
velocidade fantástica, mas não consegue contornar as curvas e enfrentar as
subidas com a mesma força. Desço sempre atento, alheio aos pedidos de ir mais
rápido. As armadilhas sempre de escondem nos caminhos fáceis. A chegada é um
oásis para aqueles como eu que entenderam que o importante é viver respeitando
cada momento e entendendo as adversidades e as suas próprias limitações. Mas é a chegada dolorosa daqueles que
mal conseguem se sustentar em pé. Enquanto Deus me der forças, irei enfrentar
cada curva, subida e descida, rumo ao oásis da felicidade. Eu sou feliz! Sou
corredor!"
Ricardo Carneiro Rocha
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